Relatos de uma garota autista
por Sue Nogueira
" Olá, meu nome eh Suellen, tenho 34 anos e há pouco fui diagnosticada com autismo leve, a antiga Síndrome de Asperger."
Nesse breve relato, gostaria de pontuar algumas poucas características, dentre tantas, que me causaram por toda a vida uma sensação de estranheza e que posteriormente culminou no diagnostico.
Minha avo, que foi responsável por minha criação, sempre contou a historinha de que quando eu era bebe ela achava que eu apresentava algum problema mental, pois eu ficava por longos períodos olhando para uma bolinha de pelo da minha coberta e cantando, ou seja, fazendo um barulhinho prolongado e ritmado.
Também faz parte do relato de minha avo, o fato de que desde a introdução alimentar, eu apresentava repulsa pelo alimento e pela sujeira que o alimento causava. Lembro-me inclusive do pavor, ainda muito pequena, do horário do almoço. Eu me escondia para não ter que comer. Posteriormente, já maiorzinha, me lembro de pensar sobre o porque de o ser humano ter que alimentar, já que era a pior coisa na minha opinião ate então.
Mal sabia eu que, logo logo, eu teria que ir para a escola e que novos desafios estariam por vir.
Quando comecei a estudar aos 5 anos de idade algumas coisas começaram a mudar. Uma nova rotina estava sendo instalada, o que incluía acordar em certo horário, tomar meu leite, escovar os dentes, vestir o uniforme, dar tchau para minha chupeta e .... pera... dar bye bye para minha chupeta? Esse foi o primeiro grande desafio que enfrentei. Como ficar sem aquilo que me acalma quando estou agitada? Como me despedir da ate então inseparável e única companhia? Confesso que não foi fácil, mas com o argumento de que eu ja era mocinha e que se eu levasse a chupeta para a escola as outras crianças ririam de mim, concordei em deixa-la, porque ai mexeu com mais um grande pavor que já se apresentava nessa primeira infância: a de ser notada e de maneira negativas er vista ja era um terror, e ser vista e ainda por pessoas que ririam de mim, era inconcebível. E foi assim que com lagrimas nos olhos me despedi do meu “bico” com um ate logo.
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